Sobre perder o fôlego
Revi Brilho eterno de uma mente sem lembranças hoje. Ao contrário dos filmes simples, que a gente revê e já não se surpreende, ou não gosta tanto, esse filme se torna mais tocante a cada vez que assisto. Pode ser falsa impressão de quem tem memória emocional curta, não sei. Mas me sinto cada vez mais íntima dos personagens, como se eles ficassem mais à vontade e falassem de coisas mais íntimas a cada reencontro. E me dentifico cada vez mais com suas falas, e com as situações que eles vivem. Com o tempo as lembranças deles se misturam com as minhas, e o que eu vi no filme parece que aconteceu na minha vida, e tudo o que a Clementine fala poderia ter saído da minha boca.
A história de Joel e Clementine, simples, resumida nos detalhes mais especiais e confusos na memória dele é arrebatadora. É dessas coisas que fazem a gente suspirar, virar os olhos, rir de nervoso e querer chorar compulsivamente, mesmo que as lágrimas acabem não descendo. No fim das contas, a fruição é contida. O roteiro do genial Kaufman te leva à beirada do penhasco e rapidamente recoloca tudo ao nível do mar. Você fica meio ofegante, a adrenalina sobe, a ansiosidade é incontrolável.
Como sempre, o filme termina e eu fico inconformada com a idéia de não estar apaixonada por ninguém. Não consigo aceitar o fato de não ter alguém pra idolatrar, pra desvendar, pra conhecer, pra ficar com o olhar perdido e o sorriso dormente, pra achar que agora é a pessoa certa. Não é de um relacionamento que eu sinto falta. Estou solteira há relativamente pouco tempo e tenho aproveitado tantas coisas que agora pedem pra ser feitas solo, que nem me imagino encaixando um namorado (ou o que quer que fosse) nas horas insuficientes dos meus dias. Não, eu sinto falta de outra coisa. Muito mais significativa que o relacionamento, a pessoa. Não da pessoa aqui do meu lado, mas da pessoa em si, da existência dela.
Sinto muita falta de visualisar um rosto no qual possa projetar os sentimentos mais estonteantes. Me faz falta aquele nome que faz tremer as pernas, aquelas mãos por quem seus braços ficam angustiados pra serem tocados, aqueles olhos que te levam à Lua. Tudo isso é estúpido, eu sei, mas não é a estupidez tão próxima da simplicidade que pode ser um caminho saudável até a satisfação? Quando você está apaixonado, isso basta. A pessoa não tem que se provar, não tem que ser extremamente inteligente, ou charmosa, ou bem-sucedida... qualquer fragmento de interesse se transforma em encanto.
O filme não mostra quase nada sobre o dia-a-dia de Joel e Clem, não fala sobre o funcionar do seu relacionamento. Mas ele resume muito bem aquilo de que eu mais sinto falta, a maneira como você se envolve com alguém que acabou de conhecer e que é um estímulo, um objetivo, um inebriante. Fala sobre apegar-se. Outro dia, num outro filme, uma personagem melodramática falou sobre o momento em que a gente se apega a alguém. Esse momento é o melhor de todos, é o detalhe que faz toda a diferença.
É tão bom encontrar alguém de quem você não quer sair de perto antes de se tornar o mais íntimo possível, porque você se sente completo, não pela pessoa, mas pela situação de estar com ela. O lugar certo, "exactly were I want to be", como diz Joel.
Não quero falar sobre o roteiro fantásticamente bem estruturado de Kaufman, nem sobre os diálogos e as situações de extremo bom gosto, nem sobre a edição interessantíssima, nem sobre a câmera confusa ou a trilha sonora envolvente. Também não vou falar hoje sobre como me entendo cada vez mais como a Clementine, como me vejo falando as coisas que ela pensa e como reconheço as minhas idéias sendo formuladas por ela.
Porque por mais que essas coisas me impressionem no filme e me façam achá-lo ainda melhor, o fato é que eu termino de assistir e não consigo pensar em outra coisa, senão o quanto eu gostaria de viver aquilo. Não todo o enredo doentio, mas aquilo que acontece entre eles, e que já aconteceu comigo umas tantas vezes. De estar com alguém na primeira noite, ou na primeira semana juntos, e se sentir flutuando. De ter certeza de que não poderia estar fazendo nada mais agradável do que estar ali com aquela pessoa, e de que se o sorriso continuar tão comprido, aboca vai ficar dolorida. De se olhar e se olhar e ficar imaginando como vai ser o beijo, depois como vai ser o sexo, depois como vai ser a vida.
Revi Brilho eterno de uma mente sem lembranças hoje. Ao contrário dos filmes simples, que a gente revê e já não se surpreende, ou não gosta tanto, esse filme se torna mais tocante a cada vez que assisto. Pode ser falsa impressão de quem tem memória emocional curta, não sei. Mas me sinto cada vez mais íntima dos personagens, como se eles ficassem mais à vontade e falassem de coisas mais íntimas a cada reencontro. E me dentifico cada vez mais com suas falas, e com as situações que eles vivem. Com o tempo as lembranças deles se misturam com as minhas, e o que eu vi no filme parece que aconteceu na minha vida, e tudo o que a Clementine fala poderia ter saído da minha boca.
A história de Joel e Clementine, simples, resumida nos detalhes mais especiais e confusos na memória dele é arrebatadora. É dessas coisas que fazem a gente suspirar, virar os olhos, rir de nervoso e querer chorar compulsivamente, mesmo que as lágrimas acabem não descendo. No fim das contas, a fruição é contida. O roteiro do genial Kaufman te leva à beirada do penhasco e rapidamente recoloca tudo ao nível do mar. Você fica meio ofegante, a adrenalina sobe, a ansiosidade é incontrolável.
Como sempre, o filme termina e eu fico inconformada com a idéia de não estar apaixonada por ninguém. Não consigo aceitar o fato de não ter alguém pra idolatrar, pra desvendar, pra conhecer, pra ficar com o olhar perdido e o sorriso dormente, pra achar que agora é a pessoa certa. Não é de um relacionamento que eu sinto falta. Estou solteira há relativamente pouco tempo e tenho aproveitado tantas coisas que agora pedem pra ser feitas solo, que nem me imagino encaixando um namorado (ou o que quer que fosse) nas horas insuficientes dos meus dias. Não, eu sinto falta de outra coisa. Muito mais significativa que o relacionamento, a pessoa. Não da pessoa aqui do meu lado, mas da pessoa em si, da existência dela.
Sinto muita falta de visualisar um rosto no qual possa projetar os sentimentos mais estonteantes. Me faz falta aquele nome que faz tremer as pernas, aquelas mãos por quem seus braços ficam angustiados pra serem tocados, aqueles olhos que te levam à Lua. Tudo isso é estúpido, eu sei, mas não é a estupidez tão próxima da simplicidade que pode ser um caminho saudável até a satisfação? Quando você está apaixonado, isso basta. A pessoa não tem que se provar, não tem que ser extremamente inteligente, ou charmosa, ou bem-sucedida... qualquer fragmento de interesse se transforma em encanto.
O filme não mostra quase nada sobre o dia-a-dia de Joel e Clem, não fala sobre o funcionar do seu relacionamento. Mas ele resume muito bem aquilo de que eu mais sinto falta, a maneira como você se envolve com alguém que acabou de conhecer e que é um estímulo, um objetivo, um inebriante. Fala sobre apegar-se. Outro dia, num outro filme, uma personagem melodramática falou sobre o momento em que a gente se apega a alguém. Esse momento é o melhor de todos, é o detalhe que faz toda a diferença.
É tão bom encontrar alguém de quem você não quer sair de perto antes de se tornar o mais íntimo possível, porque você se sente completo, não pela pessoa, mas pela situação de estar com ela. O lugar certo, "exactly were I want to be", como diz Joel.
Não quero falar sobre o roteiro fantásticamente bem estruturado de Kaufman, nem sobre os diálogos e as situações de extremo bom gosto, nem sobre a edição interessantíssima, nem sobre a câmera confusa ou a trilha sonora envolvente. Também não vou falar hoje sobre como me entendo cada vez mais como a Clementine, como me vejo falando as coisas que ela pensa e como reconheço as minhas idéias sendo formuladas por ela.
Porque por mais que essas coisas me impressionem no filme e me façam achá-lo ainda melhor, o fato é que eu termino de assistir e não consigo pensar em outra coisa, senão o quanto eu gostaria de viver aquilo. Não todo o enredo doentio, mas aquilo que acontece entre eles, e que já aconteceu comigo umas tantas vezes. De estar com alguém na primeira noite, ou na primeira semana juntos, e se sentir flutuando. De ter certeza de que não poderia estar fazendo nada mais agradável do que estar ali com aquela pessoa, e de que se o sorriso continuar tão comprido, aboca vai ficar dolorida. De se olhar e se olhar e ficar imaginando como vai ser o beijo, depois como vai ser o sexo, depois como vai ser a vida.
